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Vidreiro em alta velocidade

Nosso entrevistado do mês é o Jansen Bueno, proprietário da Temper Glass e piloto. Ele é conhecido no Brasil inteiro por quem acompanha automobilismo e já está acostumado a dar entrevistas falando sobre sua atuação como piloto em campeonatos como a Fórmula Truck, Stock Car 5000 e Spyder Race. Entretanto, sobre sua atuação no mercado vidreiro é a primeira vez que o Jansen conta um pouco da sua história. E não é que a história dele com o vidro é meio inusitada?! Descobrir a forma como o vidro surgiu no seu caminho, saber detalhes da sua vida profissional dupla e conhecer suas ideias inovadoras para o mercado vidreiro são algumas das coisas que fazem valer a pena acompanhar a entrevista a seguir:

Jornal do Vidro - Como foi sua trajetória nas pistas, desde que começou até chegar à Fórmula Truck?

Jansen - Sou piloto desde 2005. Iniciei no kart, afinal, a base do piloto sempre é o kart. Depois fui para uma categoria turismo de stock car regional, a Stock Car 5000. Na verdade, eram ômegas, que são os antigos carros stock car. Em seguida ingressei em uma categoria de protótipo, competindo no Metropolitano de Spyder Race, um campeonato regional. Corri no Spyder, um carro que até hoje eu guio e que é muito prazeroso. Mas, meu sonho sempre foi estar na Fórmula Truck, por causa do meu pai e também porque é uma categoria fantástica, a que mais leva público para os autódromos.

"Meu sonho sempre foi estar na Fórmula Truck, por causa do meu pai e também porque é uma categoria fantástica, a que mais leva público para os autódromos."

Porém, para participar da Fórmula Truck é necessário que o piloto possua uma licença máster que só pode ser obtida depois da conquista de um campeonato ou vice-campeonato em uma outra categoria a nível nacional. Como eu já tinha experiência por já ter participado de campeonatos regionais de protótipos, resolvi participar do Campeonato Brasileiro de Spyder Race Light, em 2012. Nessa ocasião, me sagrei campeão brasileiro de protótipos de 2012 e essa conquista me deu o ingresso à Fórmula Truck.

Jornal do Vidro - Então, muito antes do vidro vieram as pistas?

Jansen - Sim. Mas, a gente sabe que a carreira de piloto, de atleta em geral, é passageira. Então, mais cedo ou mais tarde eu ia ter que trabalhar como gente grande. (risos)

Jornal do Vidro - Você é piloto desde 2005, pertence a uma família que também atua no automobilismo e que possui empreendimentos na área de transporte. Então, como você veio para o mercado vidreiro?

Jansen - Na verdade, eu caí meio de cabeça no ramo do vidro. Eu só sabia que vidro quebrava... Esse era o único entendimento que eu tinha. (risos) Minha família é proprietária do conjunto de barracões na Cidade Industrial onde hoje é a Temper Glass. Há quatro anos, um ex-vidraceiro resolveu comprar algumas máquinas e um forno de pinça para montar uma têmpera dentro de um desses barracões. Enfim, o negócio não deu certo e os maquinários ficaram em troca da dívida pelo aluguel do barracão. Resumindo, meu pai, empreendedor de outras áreas, acabou ficando com as máquinas de vidro e o barracão ali parado, sem saber o que fazer. Na época, eu era recém-formado na área de administração e meu pai, que havia analisado o mercado de vidros e constatado que era um ramo em expansão, propôs que eu assumisse o negócio. Aceitei o desafio e, a partir de então, resolvemos aprender.

"Eu era recém-formado na área de administração e meu pai, que havia analisado o mercado de vidros e constatado que era um ramo em expansão, propôs que eu assumisse o negócio. Aceitei o desafio e, a partir de então, resolvemos aprender."

Para isso, tivemos bastantes pessoas que contribuíram para o nosso conhecimento, principalmente para o meu conhecimento na época. Acredito que a repetição faz a perfeição, tanto no automobilismo quanto no ramo do vidro. Por isso, sempre me envolvi muito com tudo que está relacionado à produção, gosto de saber do funcionamento das máquinas, das peças que precisam ser trocadas, das causas dos problemas, enfim. Gosto muito de ter participado desse processo inicial em que eu circulei muito pela produção aprendendo tudo o que era possível sobre o funcionamento de uma têmpera. Isso me agregou muito conhecimento.

Jornal do Vidro - Fora isso, houve algum tipo de preparo técnico seu para ingressar no mercado vidreiro?

Jansen - Não. A realidade é que essa é uma área carente no ramo vidreiro. Praticamente não existem treinamentos, cursos e difusão das técnicas de trabalho com vidro. Recentemente têm surgido algumas empresas grandes oferecendo algum tipo de curso ou algum tipo de treinamento. Mas, na época, minha única saída foi buscar profissionais já prontos para trabalhar comigo e aprender com quem já era experiente nesse mercado.

Jornal do Vidro - Há algo em comum entre esses dois universos? O lado piloto interfere nesse lado vidreiro?

Jansen - Com certeza, tem tudo a ver. Em relação ao lado piloto, muitos se enganam ao achar que o vitorioso, quando se vence uma corrida em qualquer categoria, é o piloto. Não é. Na verdade, há um conjunto de fatores que levam o piloto a alcançar o sucesso no automobilismo ou a vitória em si, que é o que tanto se busca. Esse conjunto de fatores, basicamente, é formado pelo piloto, a equipe e o equipamento. O piloto, em minha opinião, é o que menos influencia no resultado de uma corrida, no resultado de um campeonato. A equipe é muito importante. É preciso saber trabalhar em equipe e desenvolver uma relação de confiança e colaboração mútua entre esses dois fatores: piloto e equipe.

"É preciso saber trabalhar em equipe e desenvolver uma relação de confiança e colaboração mútua entre esses dois fatores: piloto e equipe. (...) Essa é uma realidade que precisa existir dentro das empresas também."

Então, tem que ter um entrosamento muito legal. É uma engrenagem em que não pode faltar nenhum desses dentes. Essa é uma realidade que precisa existir dentro das empresas também. O terceiro fator importante é o equipamento. O que você tem na mão para pilotar. Eu costumo dizer que sem uma ferramenta boa de trabalho, você pode ter o maior talento do mundo, apresentar a melhor performance do mundo, que ainda assim não vai conseguir extrair o máximo e ser competitivo no mercado ou ser competitivo no automobilismo.

Jornal do Vidro - Sabemos que competições como as que você participa exigem muita dedicação e treino. Sabemos também que a atuação como empresário requer tanta dedicação quanto. Como você concilia essas duas carreiras?

Jansen - Na verdade, uma hora por dia de dedicação ao treinamento físico já é suficiente. Já o contato com o carro de corrida e eventos geralmente são no final de semana. As corridas ocorrem uma vez por mês, então, consigo ser piloto nos finais de semana, abrindo mão de apenas um dia da semana. Sendo assim, de segunda a quinta eu sou empresário do ramo do vidro e de sexta a domingo eu sou piloto.

"De segunda a quinta eu sou empresário do ramo do vidro e de sexta a domingo eu sou piloto."

Durante os treinos tenho que me desligar do ramo empresarial e focar 100% no automobilismo, pois é um esporte que exige grande atenção. Por isso sempre tive pessoas que me auxiliam, que são meus braços, minhas pernas aqui dentro. Caso contrário, não teria como me ausentar. Atualmente, quem exerce essa função é o Paulo Muller. Há pouco tempo ele era um consultor da empresa e também fazia consultoria em outras empresas do grupo da família. Durante nossas conversas, ele se interessou muito, se entusiasmou bastante com o ramo vidreiro e resolvemos trabalhar juntos. Hoje, ele faz a gestão da empresa pra mim.

Jornal do Vidro - Por vivenciar dois horizontes profissionais bem distintos, você acaba tendo pontos de vista diferentes dos outros empresários do ramo vidreiro. Afinal, você vive a rotina do vidro, mas, também sai totalmente desse universo ao exercer sua atividade como piloto. Você acredita que isso possa te trazer vantagens?

Jansen - Possivelmente sim. Uma têmpera exige muita dedicação. O processo pelo qual o vidro passa, embora seja industrializado, é também muito artesanal, há grande interferência do fator humano. Nessas condições, problemas de várias ordens podem surgir a todo momento, fazendo com que seja necessário um grande envolvimento com todo o processo. Além disso, há compromissos e responsabilidades com os outros setores da empresa também, o administrativo, o comercial, as projeções futuras... Em suma, ficamos imersos em um universo restrito e deixamos de respirar outros ares que possam trazer ideias e inovações ou inspirar algo.

"O empresário ou a pessoa do ramo vidreiro que se restringe à sua própria empresa sai perdendo. Acredito em parceira, até de forma local. Essa troca de informações é importante porque o mercado é grande e está disponível para todos. Assim todos saem ganhando."

Ficar fechado dentro da empresa, vivenciando a mesma rotina diária, dia após dia, muito intensamente, não dá abertura para outras visões que se pode ter fora. Minhas corridas geralmente são fora de Curitiba, espalhadas pelo Brasil inteiro. Nessas ocasiões, sempre visito outras empresas, tanto do ramo vidreiro como de outros segmentos. Busco absorver conhecimentos de outras áreas ou trazer novas e diferentes perspectivas sobre o mesmo trabalho que realizamos. Já tive contato com várias pessoas de outros estados, visitei várias empresas e é muito interessante. Assim como eu vou nessas outras empresas e busco inovações no mercado deles, eles também vem para cá e captam algumas ideias e diferenças que sempre agregam. É um intercâmbio bem saudável. Inclusive, já falando do ramo do vidro, acredito que essa troca de informações entre os empresários ou empresas do ramo em outros estados é muito importante. O empresário ou a pessoa do ramo vidreiro que se restringe à sua própria empresa sai perdendo. Acredito em parceira, até de forma local. Essa troca de informações é importante porque o mercado é grande e está disponível para todos. Assim todos saem ganhando.

Jornal do Vidro - Como você enxerga esse mercado? Que inovações, a seu ver, as têmperas podem introduzir no ramo de vidros para vidros para construção civil e decoração? Tem alguma inovação que está sendo trabalhada pela Temper Glass?

Jansen - Com certeza. Temos um projeto futuro que irá preencher uma lacuna que percebemos no mercado em relação ao atendimento dado ao vidraceiro e consumidores em geral. Pretendemos oferecer vantagens e facilidades capazes de fidelizar o cliente em vez de sucumbir à disputa de preços que impera no mercado. Principalmente porque percebemos que o atendimento no ramo ainda é muito primário.

"Pretendemos oferecer vantagens e facilidades capazes de fidelizar o cliente em vez de sucumbir à disputa de preços que impera no mercado. Principalmente porque percebemos que o atendimento no ramo ainda é muito primário."

Trata-se de um projeto ainda um pouco distante, até porque nós temos muito a crescer ainda na construção civil. A Temper Glass é uma empresa nova e tem muito a aprender, crescer e amadurecer.

Jornal do Vidro – Notamos que vocês sabem onde querem chegar. Mas, como estão trabalhando para isso? Existe um conjunto de metas a serem alcançadas?

Jansen - Sim. Hoje a Temper Glass não está utilizando ainda a capacidade máxima de fabricação que ela pode ter. Então, o primeiro passo é ocupar toda a linha de produção. Atualmente, estamos explorando 60 % da capacidade de produção mensal. Até o final do ano, nosso planejamento prevê alcançar 80 % da capacidade de produção mensal e projetamos chegar a 100%, o degrau máximo dessa estrutura, até o fim do primeiro semestre de 2016. A partir daí, começamos a implementar o novo projeto.

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