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Você tem medo da crise? Veja como transformá-la em sua aliada

O momento econômico do país não é dos melhores. Uma das razões é fácil de entender: o governo gastou demais no ano de 2014, as contas não fecharam e a solução foi enxugar gastos e aumentar impostos, afetando diretamente o bolso, tanto das empresas como das pessoas. Outra razão, mais complexa, são os efeitos retardados da crise financeira mundial deflagrada em 2008, com a falência banco de investimento norte americano Lehman Brothers. Num efeito dominó, outras instituições ao redor do mundo também foram à bancarrota, afetando a economia de diversos países, devido à escassez de crédito no mercado financeiro. A matemática é simples: sem crédito empresas investem menos, pessoas compram menos e a economia desacelera. Como estamos vendo, o Brasil não saiu ileso.

O resultado do conjunto da obra é uma coleção de aumentos em 2015: impostos, inflação e desemprego. Seguramente esses efeitos afetarão ou já afetaram as empresas vidreiras. Mas, o que fazer para enfrentar a crise? Muitos afirmam que o momento não deve ser de desespero, mas, de uso da inteligência. Um deles é o empresário Jorge Paulo Lemann, um dos mais ricos do país. Numa palestra para um grupo de empreendedores, ministrada no dia 13 de agosto, no Day 1, evento anual que conta a trajetória de empreendedores de sucesso, ele deu o seguinte conselho: “Hoje, no Brasil, vejo todo mundo reclamando. Mas o que eu enxergo são as oportunidades. Estamos passando por dificuldades, mas vamos aprender e vamos superar. Aprendam, como eu aprendi, com esses pequenos fracassos. É isso que vai salvar o Brasil”. O conselho de mestre é muito inspirador, porém, na prática, o que isso quer dizer? Como colocar em ação, no seu negócio, esse lance de aproveitar as oportunidades? Que oportunidades? Como identificá-las?

Ninguém melhor para explicar isso do que alguém que já passou por dificuldades, seguiu esse conselho e conseguiu encontrar valiosas oportunidades de se reinventar, melhorar e superar a crise. No mínimo, sair dela melhor do que entrou.

Quem desvendou esse mistério foi o Júlio César, gerente da Vidraçaria Chile. Fundada em 21 de setembro de 1976, no setembro próximo ela completa 40 anos. Júlio, formado em Administração de empresas, com pós-graduação em gestão de pessoas, gerencia a vidraçaria há 12 anos. Durante sua gestão, a fase mais difícil de encarar foi em 2008, quando a crise fez os clientes desaparecerem e a vidraçaria entrar numa fase de vacas magras. Segundo Júlio, enquanto sobravam clientes não havia necessidade de rever nada, afinal, em time que está ganhando não se mexe. Porém, em 2008, chegou a hora de rever conceitos e encontrar oportunidades de melhoria e crescimento. Acompanhe, a seguir, as atitudes do administrador para virar o jogo:

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e melhorar resultados

Em 2008, o investimento em divulgação via lista telefônica era bastante alto. Entretanto, ao realizar um estudo para identificar a forma como os clientes tomavam conhecimento da Vidraçaria Chile, foi possível detectar que 90% deles conheciam a vidraçaria por meio de indicações. Ou seja, o gasto não compensava o retorno obtido.

Atualizar a estratégia

de divulgação

A divulgação na lista não foi abandonada totalmente, porém, optou-se pela atualização do método, utilizando agora a lista telefônica na web. Além disso, investiu-se na criação da página virtual da empresa. Com essas duas ações, reduziu-se muito o gasto que se tinha anteriormente com divulgação e foram obtidos melhores resultados.

reduzir investimentos

mantendo a produtividade

Até 2008, a Vidraçaria Chile mantinha uma política de compra de grandes quantidades de materiais no intuito de garantir o melhor preço. De fato, durante anos, explica Júlio, essa era a melhor estratégia. Além de a matéria-prima ficar mais barata numa compra grande, o prazo de entrega poderia ser de mais de trinta dias. Não se podia correr o risco de ficar sem o produto para atender ao cliente. Com a crise, isso começou a ser questionado, afinal, porque investir em grandes estoques sem ter certeza de que ele será esgotado.

Otimizar o estoque

O estoque foi reduzido a níveis muito baixos, quase zero, aproveitando o fato de que as distribuidoras de perfis e acessórios se tornaram mais acessíveis e entregavam com rapidez e qualidade. Júlio explica que se inspirou em algumas empresas japonesas adeptas ao sistema just in time (hora certa, em tradução livre). Esse método de administração da produção propõe que nada precisa ser produzido, transportado ou comprado antes da hora certa. Com isso, deixou de ser necessário fazer altos investimentos em estoque para só depois obter o retorno.

Produzir mais, remunerando melhor

Nunca se utilizou mão-de-obra terceirizada na Vidraçaria Chile. Todos os funcionários eram contratados diretamente e, durante crises, sempre ocorriam cortes de pessoal.

rever políticas de contratação

Em vez de contratar e demitir a cada crise, optou-se por manter o quadro de funcionários essenciais e contratar terceirizados, pagando por obra, sempre que fosse necessário. Além disso, para os funcionários fixos houve mudanças na forma de remuneração. Hoje, eles recebem o salário fixo mais a gratificação por produção, isto é, por obra realizada. Júlio explica que essa mudança foi benéfica tanto para a empresa como para os funcionários. Atualmente, eles ganham mais e produzem mais. Segundo o gerente, com uma equipe menor e mais bem remunerada, a vidraçaria produz o dobro do que produzia cinco anos atrás.

atender mais clientes

Conforme Júlio, até 2008, a linha de produtos era limitada aos produtos básicos da área de vidraçaria: box, portas e janelas.

expandir a linha de produtos

Apostou-se na diversificação de produtos como método para atrair mais clientes. Gradativamente foram inseridos itens como a linha de box Elegance, o envidraçamento de sacada, fachadas com pele de vidro, Spider e Structural Glazing. O gerente comemora o fato de que, atualmente, não há trabalho de engenharia com vidro que a Vidraçaria Chile não execute.

reduzir custos e aumentar

a produtividade

Os conjuntos de perfis de alumínio para portas e janelas eram inteiramente montados na vidraçaria. Comprava-se o perfil, um funcionário fazia o corte com serras especiais e montava o produto. Apesar de o perfil sair mais barato avulso do que no kit pronto, o gasto com energia elétrica, tempo e o desperdício de perfil fizeram o gerente repensar se essa era a melhor forma de trabalhar com perfis.

otimizar a produção

terceirizando processos

Fazendo os cálculos de quanto gastava para montar os kits na própria vidraçaria, Júlio constatou que comprá-los prontos sairia 30 % mais barato do que produzi-los. Além disso, por não precisar montar o kit antes de instalar, o instalador ganha tempo e dinheiro. Afinal, em vez de estar cortando o perfil para fazer o kit, ele pode estar fazendo instalações e recebendo sua gratificação.

As readequações feitas por Júlio no gerenciamento da Vidraçaria Chile fizeram com que a crise econômica fosse enfrentada sem baixar preço, aumentando a lucratividade e a competitividade no mercado. E pensar que as oportunidades de melhoria foram percebidas por conta de uma crise econômica...

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