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História do vidro - parte 1

Você que trabalha com vidro de alguma forma: na vidraçaria, em uma têmpera de vidros, na fábrica de ferragens e acessórios para vidros, na fábrica de utensílios de vidro, fazendo vidro, vendendo vidro, comprando vidro, usando vidro, enfim, tem contato direto e constante com o material, já se perguntou quem foi que descobriu o vidro?

Pois é, começa agora uma série de artigos que você poderá acompanhar aqui, no Jornal do Vidro, sobre a história dessa matéria-prima que é cada vez mais utilizada em diversos setores da indústria. Vamos viajar no túnel do tempo do vidro, desde sua descoberta até os dias atuais.

Prepare-se, porque o vidro tem muita história para contar! Só pra se ter uma ideia, arrisca aí um palpite de quanto tempo faz que o homem usa o vidro? Sei lá, uns mil anos? Não. Dois mil e quinze anos, desde que o mundo conheceu Jesus! Não. Passou longe, não chegou nem na metade do tempo que faz que a humanidade tomou conhecimento da existência do vidro. Ele é um respeitável senhor de quase oito mil anos. Isso mesmo, e hoje vamos acompanhar como tudo começou!

O vidro natural

Antes de mais nada, é importante esclarecer que o vidro sempre pode ser encontrado na natureza já pronto, isto é, sem a interferência humana para fazer misturas e só então resultar em vidro. A natureza, por exemplo, se encarrega de produzir a obsidiana, que é um vidro vulcânico formado naturalmente quando as lavas do vulcão (que nada mais são que minerais derretidos) esfriam muito rápido ao jorrar em superfícies líquidas, popularmente conhecidas como rios, lagos, mares etc. Nesse caso, ao invés das lavas resfriarem devagar e virarem rochas, elas resfriam muito rápido e viram vidro.

A obsidiana é a rocha vítrea que foi mais utilizada pelo homem pré-histórico. Existem registros arqueológicos de seu uso desde a Idade da Pedra, coisa entre 10 e 300 mil anos atrás, para a fabricação de pontas de lanças e flechas usadas para caçar animais. Além disso, as civilizações antigas da Mesoamérica, região que abrange o sul do México e parte da América Central, também usaram muita obsidiana, não só para a confecção de armas e utensílios domésticos, como também para a criação de peças ornamentais e amuletos.

Nos dias atuais, a obsidiana é muito valorizada no mercado de minerais para coleção e cristais esotéricos. Além disso, também é empregada na fabricação de lâminas cirúrgicas, especialmente aquelas utilizadas em cirurgias cardíacas e oculares. Isso porque o fio da lâmina de obsidiana mede três nanômetros, ou seja, é cinco vezes mais fino que o fio de uma lâmina feita de aço. Como os cortes feitos com as lâminas de obsidiana são mais finos e causam menos dano ao tecido orgânico, a cicatrização cirúrgica ocorre mais rapidamente.

A grande descoberta

Mas, como não é em todo lugar e nem todo dia que tem um vulcãozinho em erupção soltando lavas para “fabricar” obsidiana, o homem descobriu outra forma de conseguir um material com características parecidas com as da obsidiana. E, segundo o que nos conta o historiador grego Plínio o Velho, essa descoberta foi meio sem querer. Plínio relata, no seu livro História Natural, que a mistura que resultaria em vidro foi descoberta por acaso, há oito mil anos, por mercadores fenícios que se dirigiam ao Egito para vender natrão.

Natrão sendo usado no processo de mumificação

Natrão é um tipo de sal, na verdade, um composto formado por carbonato de sódio, bicarbonato de sódio, sal e sulfato de sódio, encontrado na natureza após a evaporação das águas de alguns rios e lagos. No Egito antigo ele era obtido em vários locais, como no delta do rio Nilo ou em lagoas formadas às suas margens depois das enchentes.Era uma das substâncias utilizadas pelos antigos egípcios nos processos de mumificação, pois se destinava à desidratação das células e combate às bactérias.

Ou seja, o natrão era muito usado pelos egípcios, por isso os mercadores fenícios estavam indo para o Egito vendê-lo. Quando já era noite, eles chegaram às margens do rio Belus, na Fenícia, e resolveram jantar. Acenderam uma fogueira e, como não tinham pedras para colocar suas panelas para cozinhar a caça, decidiram utilizar alguns pedaços de natrão. Cozeram seus alimentos, comeram e foram dormir. Na manhã seguinte, ao acordar, ficaram assombrados ao ver que as pedras de natrão se fundiram, reagiram com a areia e produziram um material duro e brilhante, o vidro.

História bacana, né? Pois é, diz a lenda que foi assim que o vidro foi descoberto. Os fenícios, diante da descoberta, trataram de guardar segredo e aprimorar a técnica de produção. Descobriram que era possível assoprar o vidro e moldar as peças em formatos diversos, criando mais um produto para ser vendido por seus famosos mercadores.

Só que o segredo não foi muito bem guardado, porque os egípcios descobriram e também começaram a fabricar colares de miçangas de vidro. Mas, isso já é assunto para a próxima parte da História do Vidro, que você também confere aqui, com a próxima edição do Jornal do Vidro.

Fontes de Consulta:

Cadernos Temáticos de Química na Escola - Vidros

Autores: Oswaldo Luiz Alves, Iara de Fátima Gimenez e Italo Odone Mazali

Disponível em:

http://lqes.iqm.unicamp.br/images/pontos_vista_artigo_divulgacao_vidros.pd

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